Venda de curso de Medicina: o que sua equipe ainda não entendeu sobre alunos premium
- Cibele Schuelter

- 15 de set.
- 3 min de leitura
Não basta mais abrir um curso de Medicina e esperar as matrículas caírem do céu. Mesmo com boa estrutura e qualidade acadêmica, muitas instituições já enfrentam o novo cenário da oferta em alta e da demanda mais seletiva. E isso exige algo que nem toda IES está pronta para enfrentar: profissionalizar a venda de Medicina.
O desafio atual está longe de ser apenas anunciar vagas, como talvez já tenha sido no passado. O curso de Medicina, além de ter um dos maiores tickets do mercado, envolve uma decisão complexa para o aluno e sua família. Na maioria dos casos, essa escolha implica mudança de cidade, custos elevados com moradia e alimentação, além da necessidade de confiança total na estrutura e nos diferenciais da instituição. É justamente aí que muitas IES perdem o lead.
O novo perfil do aluno de Medicina e o impacto na captação
Não é o suficiente dizer que o curso é autorizado ou que tem bons professores. O aluno quer entender o que torna aquele curso verdadeiramente diferente dos outros. E mais: ele precisa de ajuda para visualizar sua vida na nova cidade, seu desempenho ao longo da graduação e sua colocação no mercado. Quando a instituição não entrega essas respostas com clareza, o lead esfria, ou pior, procura outro curso que ofereça o mesmo por um valor semelhante. Hoje, existem dezenas de cursos de Medicina com vagas abertas mesmo após o início das aulas. Isso mostra que ter lead não é o mesmo que ter aluno.
Medicina não pode ser tratada como todos os outros cursos, porque não é igual a todos os outros cursos. A jornada do aluno, o valor agregado, o risco percebido e o investimento envolvido exigem uma abordagem completamente diferente. Você precisa ter uma campanha exclusiva para Medicina no Marketing e precisa ter uma estrutura comercial exclusiva para Medicina, sob pena de macular os seus resultados. A Medicina pode ser excelente à reputação ou pode ser uma grande pedra no meio do caminho.
Outro fator crítico muitas vezes negligenciado é a escolha da coordenação do curso. Quando o coordenador é um médico reconhecido e engajado com a comunidade local, ele se torna uma ponte valiosa entre a instituição, os serviços de saúde da região e os próprios alunos. Esse envolvimento gera credibilidade imediata, facilita parcerias e mostra ao futuro estudante que o curso está inserido de forma ativa e relevante no contexto da cidade.
Usando o SPIN Selling para vender Medicina com estratégia
O método SPIN (Situação, Problema, Implicação, Necessidade de solução) ajuda a transformar conversas rasas em diálogos de alto valor. Em vez de empurrar informações, a equipe de atendimento pode aplicar perguntas inteligentes. Situação: Onde o aluno mora atualmente? Ele já fez vestibular antes? Problema: Quais são as maiores dificuldades que ele encontra para mudar de cidade? Implicação: Como isso pode impactar o início do curso e seu rendimento? Necessidade de solução: E se a IES apoiasse o tema moradia, apoio psicológico ou uma mentoria de adaptação?
Quando você entende profundamente esse aluno, o discurso de venda muda. Em vez de uma ficha corrida de informações genéricas, você conduz uma conversa que mostra que a IES entende e resolve as dores do estudante.
Por que estrutura não é o suficiente (e pode ser uma armadilha)
Muitas IES investem pesadamente em infraestrutura, o que é ótimo. Mas esquecem de comunicar isso de forma estratégica. Fotos bonitas não bastam. O aluno precisa entender como aquela estrutura vai impactar diretamente sua formação e sua futura carreira. Mostre o que ele vai vivenciar na prática: como é o internato, quais hospitais são parceiros, quais tecnologias estão à disposição, e como isso diferencia o curso dos demais com o mesmo preço.
Cuidar do lead é essencial: quantidade não substitui relacionamento
Receber muitos leads não é sinônimo de resultado. Leads frios, mal nutridos ou descartados cedo demais viram apenas estatística. É preciso desenhar uma jornada de comunicação clara, empática e personalizada. Nutrir o lead com conteúdos relevantes, esclarecer dúvidas comuns, oferecer suporte e mostrar que a IES se importa de verdade com o aluno. Isso cria conexão e confiança, dois ingredientes que pesam muito na decisão por um curso de alto investimento.







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